Freud acreditava na cura para os transtornos psíquicos. Ele achava que a loucura podia ser extirpada – do mesmo modo que a medicina podia extrair tumores.
Freud nunca abandonou a ideia do trauma. Inicialmente, houve um acidente: a causa da loucura era a lembrança do fato petrificada na mente. Pela hipnose o paciente ficaria curado colocando para fora a tal memória traumática.
Contudo, a loucura continuava. Freud abandona a ideia do acidente e postula a famosa tese do abuso sexual – que também caiu por terra porque os pacientes mentiam sobre a cena do estupro. Não houve um estupro e, sim, o desejo de ser estuprado. Não era mais um fato a causa da loucura e, sim, a fantasia inconsciente do abuso
O tratamento consistia em fazer o paciente trazer a fantasia do inconsciente para o consciente tomando-a como sendo sua.
Mas a loucura continuava . Entra em cena Lacan. Esse discípulo de Freud vai postular a escrita e não a palavra como a causa da loucura. A palavra pode ser esquecida ou trocada. Ou seja, a palavra pode ser curada e a escrita não.
O escrito é o fato de que vamos envelhecer e morrer. Quanto a isso, não há ninguém que possa fazer qualquer coisa por nós. Carregamos a loucura. Temos que nos arranjar com ela: rasurando-a cerzindo-a ou furando sulcos de prazer nela.
Evaristo Magalhães – Psicanalista