O psicanalista estuda para escutar as pessoas. Esse escutar significa estar disponível para ouvir tudo.
Não é um escutar que julga. É um escutar que deixa o outro falar porque acredita que onde tem fala tem a busca de algum sentido.
O ato começa onde termina a palavra. Enquanto há fala, não há ato.
Ninguém coloca a vida em risco enquanto fala – ainda que esteja delirando ou alucinando.
Escutar é a única segurança que temos do desejo do outro de ser alguém para si e para o mundo.
Quem disse que o autista não está comunicando nada conosco?
Fazer o pior é – também – uma forma de comunicação.
A humanidade de qualquer pessoa só termina quando ela desiste de dizer o que sente.
Precisamos escutar e descobrir a humanidade do homofóbico, do racista, do dependente químico e do homem-bomba. Não é possível separar a subjetividade de quem quer que seja de suas ações.
É só sentando e conversando – sem qualquer julgamento moral – que podemos evitar o pior.
Precisamos assumir nossa parcela de culpa na animalidade que atribuímos ao outro.
Evaristo Magalhães – Psicanalista