Escrevo sobre o quê da felicidade não é bem felicidade. Escrevo sobre o quê do amor não é bem amor. Escrevo sobre o quê da vida não é bem vida.
Escrevo não sobre o que já sabemos. Quero saber o que fazer com o que não sabemos. Da felicidade sabemos muito bem. Não sabemos é o que fazer com a tristeza. Do amor saboreamos quando estamos amados. Não sabemos é como nos arranjar quando estamos desamados. Da vida fazemos poesias, pinturas e partituras. Não sabemos é como tapear a morte.
Ocorre que a infelicidade e a solidão são tão reais quanto a alegria e a companhia.
Contudo, quero é jogar meu leitor nesse lugar que ele pouco suporta – e que é mais real que o que ele chama de realidade. Busco antecipar ao meu leitor isso que ele – certamente – terá que prestar contas em algum momento. Busco fazer com que ele apronte-se – antecipadamente – para o inevitável.
Evaristo Magalhães – Psicanalista