Surtamos quando tomamos algo como absoluto. O surto é o pleno, o completo e o inteiro.
Toda completude é louca. Todo fundamentalismo é louco. Viver nunca pode ser só UM.
Não enlouquecemos quando tratamos o sexo como apenas mais UM. É por isso a ninfomania é uma loucura.
Ficamos bem quando entendemos que a política não é a solução de todos os nossos problemas.
Amamos melhor quando nos damos conta de que não existe amor inteiro.
A solução – também – não é pelo dinheiro. É assustador o consumo de antidepressivos pelas classes A e B.
Somos sem solução. Só podemos tocar as bordas do que nos aflige.
Todo fissurado é um louco. A mídia nos faz surtar quando nos enfia goela abaixo que a saída é pela imagem e pelo consumo.
O mundo é diverso. A vida é contraditória. O outro lado nunca cessa de se escrever. Teremos que prestar contas com isso que tanto nos perturbar.
Loucura é olhar para isso com menos desespero. Loucura é a arrogância, é o excesso de vaidade, é se achar o máximo e é só olhar para si.
A vida boa é humilde. A vida boa dá conta de aceitar o inevitável sem se iludir com a pretensão de se sobrepor a ele.
Evaristo Magalhães – Psicanalista