Estamos formando uma geração que, de tão narcisista, acha que não precisa dar amor para ter amor. Nesses tempos de consumo da imagem, cada um se acha mais bonito que o outro, e acha que só sua suposta beleza é suficiente para provocar tesão em todo mundo. É uma geração que se acha tão celebridade, que carrega em si o pressuposto de que é desejada vinte e quatro por dia. É uma geração que não dá prazer. É uma geração que só quer ter prazer. Melhor: ela é o prazer. Ela não toca, porque acha que ninguém, além dela, possui qualquer atrativo para ser tocado. Ela não beija, porque não considera ninguém merecedor de um beijo – além de si. Melhor: ela só quer ser beijada. Ela te convida a gozar com ela, com a condição de que você goze idolatrando-a. Se você quiser ter prazer, terá que ser dando prazer a ela. Ela é o prazer. Ela não demonstra amor. Ela só quer ser amada. Ela acha que todo mundo é louco por ela – mesmo quem está muito distante. Ela acha que o mundo vive, o tempo todo, excitado por ela. Ela acha que o mundo todo está a seus pés. Ela não troca. Ela só recebe. É uma geração completamente autista com sua beleza. Ela acredita poder dominar o mundo com sua suposta boniteza. Ela só não pode dominar o tempo. Vamos aguardar, como ficarão as coisas, quando essa beleza acabar …Evaristo Magalhães – Psicanalista