Tenho que buscar em mim o que gosto. Não posso fazer esperando que alguém goste. Fazer pensando no outro é fazer com medo de ser desagradável.
Se faço porque gosto – e se o outro não gostar – apenas posso lamentar por ele.
Creio que agradarei à todos se eu fizer porque gosto. Afinal, não é de gostar que estamos falando? Penso que não tenho vocação para gostar do que não seja bom.
Como pode alguém não gostar de Tom Jobim?. Não tenho dúvida de que o outro gostará do que falo – uma vez que cultivo um certo cuidado para não constranger.
Não é – simplesmente – EU em primeiro lugar. O detalhe é estar seguro da verdade de ser.
Se faço porque gosto – e se o outro não quiser me acompanhar – não sofrerei. Justificaria sofrer se eu estivesse me violentado para satisfazer os gostos e os interesses de todos. Justificaria sofrer se eu não estivesse sendo legal.
A questão é tentar ser legal com o outro sendo legal comigo também. Creio que sendo legal comigo não é possível que eu não seja legal com o outro. Tento gostar do que é bom. Tento gostar do que é justo. Tento gostar do que é belo. Tento que gostar do melhor.
Se todos gostassem do que é bom, justo e belo, garanto que todo mundo gostaria de todo mundo!
Evaristo Magalhães – Psicanalista