Tudo é pensamento. E sofremos porque pensamos. É por isso que os animais não sofrem.
Pode acontecer de criarmos imagens e ideias de desejos que não existem.
A vida é uma beleza quando somos correspondidos no que idealizamos. E quando não somos? É uma tragédia. Pensamos no amor e o amor não vem. Pensamos no emprego e o emprego não vem. Pensamos em Paris e Paris não chega. Viver vira uma tortura.
Não deveríamos pensar tanto. No entanto, não conseguimos. Já estamos pensando quando queremos parar de pensar.
Freud diz que só o tempo pode resolver esse pensamento sem objeto. Neste sentido, cada um terá que viver seu próprio luto de seu objeto pensado que não existe.
O fato é que não possuímos uma tecla para nos desligar. Contudo, também não podemos sofrer pelo que só possuímos mentalmente.
A saída é resolver essa coisa angustiante por outra que nos traga alguma completude. Se não tenho o objeto que me completa, posso buscar outros que, na pior das hipóteses, ao menos me distraía dessa minha tormenta.
Posso até ficar obcecado por um pensamento. Posso estar – agora – fissurado nesse meu pensamento paradisíaco. Eu estaria felicíssimo se o objeto que lhe corresponde estivesse aqui comigo. Mas, não está. Contudo, posso levantar, abrir a porta e sair.
Posso pensar em prazeres menores que – talvez – diminuíssem essa dor que me corrói.
É seguro que essa minha incompletude retornará. No entanto, não posso paralisar. Tenho que voltar para mim, explorando tudo até encontrar algo que suplante isso que me deixou – assim – tão esburacado. Isso só depende de mim.
Isso é muito melhor que tentar anestesiar essa minha dor com álcool, drogas, antidepressivos e ansiolíticos.
Ainda bem que a vida é feita de prazeres variados. O outro que não me quis sabe muito bem disso. Tanto isto é verdade que agora ele deve estar algum lugar com seu prazer outro. Ele que está certo. Eu que estou errado. Tenho que fazer o mesmo. Ou seja, encontrar um prazer ainda mais prazeroso que ele. A questão é jamais o encontrarei paralisado apenas racionalizando o que desejo.
A felicidade é fazer acontecer!
Evaristo Magalhães – Psicanalista