Nem tudo na vida é superação. Não superamos o fato de que estamos envelhecendo e de que estamos morrendo.
Não controlamos o tempo. Não controlamos as perdas. A pergunta que deve ser feita é: como devo me arranjar com isso?
Não somos um. Somos dois: somos um que vive e outro que está partida.
Amamos sem garantias. Não existe ciência, nem filosofia e muito menos milagre para isto.
A saída é pela ação. Somos vida e morte. Não adianta querer entender a morte. Não adianta lutar contra. Não adianta querer exorcizá-la. Ela é real. É invencível e caminha conosco.
Contudo, ao longo desse trajeto, podemos ir perfurando buracos de prazer nessa estrada. Quanto mais, melhor. Quanto mais profundo, melhor. Quanto mais for a nossa cara, melhor. Não podemos é parar de perfurar – uma vez que não podemos voltar no caminho que ficou. Não podemos arrepender do que fizemos. Por isso é que temos que fazer bem feito.
Já sabemos qual será o final. Por isso, temos que aproveitar tudo dessa nossa andança. Temos que cavar bem. Temos que colocar o máximo de nós nessas brechas. Não podemos nos perder no que de mais triste tem essa caminhada.
Temos que inventar a nossa alegria. Cada um tem a sua. A minha é escrever. E a sua qual é?
Evaristo Magalhães – Psicanalista