A vida sempre nos apresenta a solidão. Em tudo parece que falta algo. Nunca temos plena certeza. Vivenciamos despedidas. Tudo termina em silêncio. Estamos sempre à espera de algo para nos resgatar. Diante da nossa solidão crônica, aguardamos ansiosos aquela ligação e checamos compulsivamente o nosso zap a procura de uma mensagem ou de uma figurinha. Em último caso, uma curtida na foto que acabamos de postar já resolveria nosso problema. Viramos pedintes do que não temos. Buscamos externamente um tampão para essa nossa falta impreenchível. Esperamos do outro a salvação de nós mesmos. Esse pedaço que sempre sobra é nosso. Por que não o suportamos? Porque ele é o lugar do nosso silêncio. Ele é quando tudo o que existe não foi suficiente. Ao lado dele só sobrou a nós mesmos. O que vamos fazer com isso?
Evaristo Magalhães – Psicanalista