Sempre deixamos nosso corpo agir de acordo com o prescrito. Nunca partimos de quem somos. Deixamos de ser quem somos para ser quem não somos. Padronizamos nossos gestos. Automatizamos nossos sentimentos. Nunca somos o ato de nós mesmos. Somos feitos. Acontecemos o de fora. Agimos atendendo a pedidos.
Precisamos fazer o caminho inverso de dentro para fora. Não seremos mais escolhidos: escolheremos. Não mais nos submeteremos. Agora, submeteremos o de fora ao nosso de dentro.
Não sentiremos mais de acordo com o que conceituaram como sentir. Nosso corpo agora é que dirá. Nossos sentimentos é que ditarão as regras. Faremos do que sentimos a norma. Aconteceremos.
As palavras agora terão que coincidir com quem somos. Poderemos – inclusive – inventar palavras. Renasceremos para o mundo. O mundo renascerá a partir de nós. Falaremos a linguagem do direito de sentir. O amor conduzirá a língua. A gramática será o tesão de viver. Falaremos a linguagem do seguir sendo. Seremos livres!
Evaristo Magalhães – Psicanalista