O que acaba com o amor é pensar sobre o amor. Quando é assim, não é o amor que comanda. O que comanda é o saber sobre o amor.
Não é amor saber sobre o amor. O saber sobre o amor é a aparência do amor. Amar é fazer desaparecer esse que acha que sabe sobre o amor. Quando achamos que sabemos, nos conduzimos pelo que sabemos. Daí, o amor deixa de ser um sentimento para virar um pensamento. A relação perde toda a naturalidade porque já se sabe de qual amor se quer.
O amor não pode ser premeditado. O amor tem que ser imprevisível. Fora isto, não é amor.
Padronizamos o amor quando simulamos o amor que queremos. Viramos calculistas do amor. Viramos casais robotizados de amor. Matamos o amor quando estamos certos do amor.
Só existe amor livre. Só existe amor incerto.
Pensar o amor é assassinar o que o amor tem de mais bonito: a espontaneidade de amar.
O amor não foi feito para ter. O amor é para ser. Só é amor quando latejamos de amor, quando o corpo vibra de amor. Só é amor quando é químico. Só é amor com frio na barriga, com tremor nas pernas, com olhos palpitantes e com gemidos de amor. Fora isso, não faz o menor sentido continuar amando.
Não é amor quando se perde a volúpia de amar. Não é amor sem a fissura de amar. O amor é tesão, fruição e gozo.
O amor é para não ter razão!
Evaristo Magalhães – Psicanalista