Ao que tudo indica o pensamento surgiu a partir de um problema. Ou seja, o pensamento surgiu porque o homem frustrou, porque ficou insatisfeito com o mundo ou porque deixou de amar o mundo. Depois do pensamento, o homem mais o homem foi feliz.
O pensamento nunca conseguiu resolver as frustrações humanas. Por que? Porque não existe a última palavra de nada. Não existe a palavra da palavra.
Passamos a viver obcecados por voltar a amar o mundo pelo pensar. Nunca conseguimos. Viramos compulsivos de uma felicidade impossível.
Estamos nos destruindo achando que vamos nos encontrar. Trocamos viver pela dor de viver.
A ansiedade começa onde termina o pensamento. A depressão é uma forma de incompetência intelectual.
Deixamos de contemplar o mundo. Paramos de admirar suas belezas. Trocamos o amor pelo questionamento. Viramos intelectuais frustrados.
Devemos parar de pensar? Nunca. Precisamos – sim – pensar para colocar o pensamento em seu devido lugar.
Não podemos pensar para sofrer, para perder a alegria de viver, para desfazer do nosso próximo, para tomar partido e para excluir.
Não podemos trocar a alegria de viver pela frieza da lógica. Temos que descolar o pensamento da frustração. Temos que encontrar um pensamento que não nos faça perder o amor pela vida.
Entendo ser este o grande desafio do nosso milênio: pensar sem enxergar o tudo como um grande erro. Pensar vendo o mundo e as pessoas como algo bom. Pensar sem revolta. Pensar sem ódio. Pensar com amor. Pensar sem angústia. Pensar com alegria.
Evaristo Magalhães – Psicanalista