Quando a palavra falha é o corpo que toma a dianteira. Na verdade, não se trata de falha – uma vez que não temos palavra para tudo.
A angústia começa onde termina a palavra. Ela é resultado do encontro com a verdade do corpo.
A palavra não diz tudo. O que fazer quando não há o que dizer? Dizemos com o corpo. Como? O cigarro é o depois da palavra que não pode ser dita. O álcool é uma tentativa de anestesiar o que a palavra não conseguiu dizer.
Há os que se cortam. Há os que comem o próprio cabelo. Na ausência da palavra o corpo atua como contentor da loucura e do suicídio.
Precisamos fazer o corpo falar não através de suas doenças.
Como saber disso que a palavra não toca? Como lidar com isso sem se mortificar?
Precisamos integrar isso conosco de alguma maneira.
A saída não seria pelo gesto? Não seria pela arte? Não seria pela poesia? Não seria pelo silêncio?
A saída é de cada um. Depois da palavra só resta a verdade do vazio.
O que você vai fazer com o seu?
Evaristo Magalhães – Psicanalista