Não devemos procurar pelo sentido. Se o fizermos não o encontraremos.
Nossas questões são muito mais complexas do que podemos imaginar. Não há uma exatidão.
Pensar não é o melhor modo de compreender. Se o fizermos, passaremos a vida toda nos mortificando.
A melhor forma de lidar com os conflitos é pegar uma materialidade que tenha força suficiente para esvaziar a ilusão de um problema específico. É resolver o fantasioso com o concreto. Um exemplo é chocar a materialidade do poder com o delírio do poder. No fundo, ter poder nunca fez de ninguém um privilegiado.
Tudo tem um preço. Sabemos muito bem da solidão e da paranoia dos poderosos. Sabemos também da dependência dessas pessoas por ansiolíticos e anti-depressivos. Fora que ninguém está a salvo de ser surpreendido por um diagnóstico incurável.
Somos sem explicação.
Nossa única saída é estabelecer com a vida alguma materialidade – proporcional ou superior – que a esvazie por completo de toda vaidade. Um exemplo é confrontar o poder com a efemeridade do poder.
De que vale o poder se não temos poder sobre nós mesmos?
O sentimento de pena é – também – um ótimo elemento para esvaziarmos essa luta louca dessa gente pelo poder.
Evaristo Magalhães – Psicanalista