Toda sanidade é uma arrogância. Também, é arrogância toda pretensão de se adaptar à realidade.
Não faz sentido a ideia de equilíbrio psicológico.
A verdade é sempre capenga – o que não significa que não se pode nada dizer dela. Algo pode e deve ser dito. Nesse caso, a melhor sanidade é aceitar o contraditório – trazendo o que a vida tem de mais obscuro.
Podemos nos servir da loucura: como da alucinação do homem que acredita na mulher perfeita. Podemos dela nos servir como nas delirantes formas de amar. Podemos dela nos servir como o macho que se defende difamando homossexuais. Podemos dela nos servir como quem procura estabelecer uma fronteira definitiva com os loucos.
Na verdade, quem faz isso, no fundo – está é tentando se proteger da loucura que também lhe concerne.
Evaristo Magalhães – Psicanalista