Precisamos tomar quem somos por objeto. Precisamos tomar distancia de nós mesmos para saber sobre nosso conteúdo.
Qual a natureza das minhas ideias e dos meus sentimentos? São meus ou dos outros. Herdei ou criei?
O que penso da vida? O que penso do amor? Como conduzo as situações? Repito ou reinvento? Deixo fluir ou já tenho tudo pronto? O que é mais importante a forma ou o conteúdo? Você prefere a carcaça ou o teor?
Insistem que precisamos ter uma forma. Querem formatar nosso conteúdo. Querem nos dizer de quais conteúdos podemos usufruir: alguns são permitidos outros não. Quem definiu? Qual foi o critério?
O fato é que existem significações novas. Nada está dado. Precisamos buscar a palavra que ainda não foi dita. Se tudo for para sempre -robotizamos.
Precisamos criar o imprevisível pela sintaxe. Precisamos ir violando o código para que novos afetos adentrem a linguagem. Precisamos fazer da palavra um mediador transparente e transitivo do novo.
Caso contrário, nos perderemos na mesmice!
Evaristo Magalhães – Psicanalista
“Precisamos criar o imprevisível pela sintaxe;” Uau, Guimarães Rosa que o diga, em sua sintaxe arrevesada e imprevista, tudo. Adorando seus textos, rapá! 🙂