Sabemos do fim. Não controlamos tudo. Impossível prever os próximos cinco minutos. Pode não ser o que gostaríamos quando o telefone toca. A vida está envolta dessa nebulosidade. Para tanto, inventamos a esperança.
A tristeza vai passar! Amanhã vai ser outro dia! Dias melhores virão! Quem espera sempre alcança! A esperança é a nossa salvação. É o nosso sonho. Ela nos ajuda quanto ao que não suportamos.
Não existe conciliação entre o que desejamos e a vida real. Viver não tem solução.
Não existe conciliação – por exemplo – com a velhice. Há perdas insuperáveis. Todos partiremos um dia. Não temos todas as respostas.
No entanto – pela esperança – vamos inventando algum sentido. Pela esperança vamos procrastinando o inevitável.
A esperança é uma espécie de arrogância boa. Todos os grandes pensadores esperaram. A esperança atesta a nossa ingenuidade – quando sabemos e evitamos admitir que sabemos.
Ser esperançoso é – no fundo – se assumir um ignorante feliz.
Algo me diz que meu inferno astral vai passar. Acredito em um mundo melhor. Creio na felicidade.
A esperança é a mais doce de todas as nossas ilusões!
Evaristo Magalhães – Psicanalista