“É preciso muita sorte para se dar bem”. “É preciso estar no lugar certo e na hora certa”. O mercado adora este tipo de fala.
Por que dizem que precisamos contar com a sorte? Nesse mundo competitivo, não é de sorte – e sim de esperteza – que precisamos. Precisamos chegar primeiro que todos. Isso não é sorte. É briga. Por que é assim? Propagam o discurso da sorte porque não se pode mais contar com ninguém.
O sistema é individualista e desigual. O sistema cria demandas artificiais, mente, manipula e seduz. O sistema quer a sangria das pessoas e da natureza.
A regra é passar à frente. A regra é cada um tentando não ser engolido e usando todas as armas possíveis para chegar primeiro.
Dizem que sobreviver não é uma questão de direito, mas de sorte. Não é verdade.
Tem sempre alguém de olho no seu sucesso. O sistema é paranóico, gera tensão, incita à compulsão, detona com o lúdico e aposta na superfície.
O sistema não cria: faz pequenas modificações. O conceito de boa ideia significa apenas ganhar muito dinheiro.
O sistema massifica, pasteuriza, ameaça, não descansa e faz apologia ao pânico.
O mercado é agressivo, usa de violência travestida de falsa cordialidade e utiliza a destrutividade como metodologia de ação.
É a guerra de todos contra todos. O sistema esconde muita agressividade nos discursos de competência e sorte, cria monstros assépticos, é simpaticamente hipócrita e inteligentemente falso.
A cada reunião uma nova meta a ser atingida. Você tem ideia do grau de sofrimento mental das pessoas que estão nessa guerra mercadológica?
Não há limites. É questão de vida ou morte. A guerra não se dá apenas entre tabelas e gráficos. Nosso estado natureza está todo camufladinho nos dispositivos tecnológicos de gestão.
O sistema não é feito de sortudos e, sim, de canalhas polidos!
Evaristo Magalhães – Psicnalista