Campanhas e mais campanhas são feitas sobre a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.
Cartilhas são elaboradas e distribuídas junto com toneladas de preservativos. Contudo, vem crescendo os índices de contaminação por HIV entre adolescentes e jovens.
Quando falha a educação qual a alternativa? Criminalizar o comportamento? Dopar as pessoas? Não.
É fato que a nossa educação não está sendo capaz de conter o desejo de se fazer mal dos nossos jovens.
Também, a repressão nunca foi o melhor caminho para a conter a possibilidade de o indivíduo fazer mal a si e ao outro.
Para a Psicanálise, a saída é pela responsabilização. É preciso permitir ao sujeito se escutar em seu ato mórbido.
O psicanalista oferece seu ouvido para que o outro escute a si mesmo.
Quantos não estão inconscientes de que não estão tendo um comportamento de risco? Quantos não usam de justificativas equivocadas para camuflar suas promiscuidades? O silêncio do analista faz vir à tona as contradições desse discurso.
A escuta coloca um limite para a compulsão à repetição do mal e propicia que algo novo surja.
É preciso abrir esse espaço para que o sujeito se dê conta dos danos que está causando a si mesmo.
Nós analistas nos silenciamos para que o sujeito possa emergir em seu desejo inconsciente de autodestruição. É fundamental que ele se dê conta do quanto está agindo de modo inconsequente em relação à sua própria vida e à vida dos outros.
Não podemos achar normal alguém que faz sexo sem se proteger.
É a partir da singularidade de cada um que vamos resgatar uma sociedade de indivíduos autônomos e agindo com responsabilidade.
Evaristo Magalhães – Psicanalista