A origem de um filho problemático pode está em um pai que se colocou – ou foi colocado – no terreno da impossibilidade.
Não foi apenas um pai. Foi mais que um pai: foi o mais forte, o mais temido, o mais belo e o mais viril. Ou seja, um mito, uma entidade, um pai perfeito, um arquétipo.
Um pai assim não é um bom pai porque vai exigir de seu filho um esforço sobre-humano para ser alguém.
Esse pai mítico tende a colocar seu filho no lugar do impossível. Ou seja, um filho obcecado, revoltado com os limites e carente de reconhecimento.
Sem outro referencial – menos endeusado – o filho entrará em uma tortura cotidiana. Nunca estará satisfeito porque viverá para seu papai ideal, sofrerá quando não encontrá-lo e estará o tempo todo em uma busca ansiosa pelo que não existe.
É difícil saber se o pai foi realmente absoluto ou se ele foi colocado nesse lugar pelo filho.
O filho poderá enlouquecer – na medida em que o tempo for restringindo o seu encontro com seu papai utópico.
Nenhum pai pode fazer com que seu filho se apaixone cegamente por ele. O problema é quando essa paixão satisfaz mais a vaidade do pai que a educação do filho.
Muitos relacionamentos fracassam quando um não encontra no outro o seu grande papai esperado.
Para muitos solitários não existe ninguém à altura do todo poderoso da mamãe.
A saída é romper com esse pai total e colocar em seu lugar um outro mais condizente com a realidade.
Poderá acontecer do filho abandonar o velho papai dos seus sonhos só depois de muito ser derrotado em sua busca vã.
Nosso destino vai depender da representação que criarmos da figura paterna. Um pai totalmente ausente é – também – catastrófico para o filho.
Evaristo Magalhães – Psicanalista
precisamos conversar, um dia
Qdo quiser, Moises